terça-feira, 5 de maio de 2009

Aspectos Relacionados à Conformidade e ao Desvio

Os aspectos relacionados à conformidade e ao desvio são:

- A meta da pressão social é uma conformidade manifesta. Na conformidade existem dois aspectos que podem ou não ser simultâneos: o cumprimento e a convicção. Devido à vida em sociedade a pessoa já tem uma idéia, no seu interior, das normas, ou seja, do que é certo ou errado, e por isso mesmo está convicto de sua validade e retidão. Um indivíduo pode cumprir uma norma sem a convicção de sua validade caso ele deseje a aceitação de um determinado grupo. Ex: Um jovem, que não faz uso de bebidas alcoólicas, começa a andar com um determinado grupo de amigos que o faz e começa a usar para ser aceito no tal grupo de amigos.

- O grupo reprime as variações extremas. Em todos os grupos, em relação ao cumprimento das normas, ocorre certa variação. Desde que o comportamento desviado corresponda a uma ligeira modificação das normas sociais, terá maior probabilidade de ser ignorado ou será passível de sanções ligeiras. Quanto maior for o desvio das normas, mais grave será considerada a falta e mais severa será a sanção por parte do grupo. A graduação das faltas é determinada pela categoria do grupo.

- Os limites de tolerância variam. Os grupos são flexíveis com relação à conformidade e ao comportamento desviado; em certos casos, certo grau de desvio é aceito. Os limites desta tolerância dependem de alguns fatores: o status do infrator, o tipo de comportamento e a natureza da situação social.

- Em épocas de crise ocorrem mudanças na tolerância. Os limites de tolerância podem diminuir ou aumentar dependendo da crise na qual a sociedade atravessa, podendo também diminuir em determinados campos e aumentar em outros.

- Tolera-se mais o desvio das normas em uma comunidade grande e heterogênea do que em uma pequena e homogênea. Quanto mais uma comunidade cresce mais o indivíduo tende a ser desconhecido e por isso mesmo ser mais livre; e quanto mais complexa fora comunidade maior será a probabilidade de possuir vários conjuntos de normas contraditórios e, por isso, a oposição a determinados comportamentos diminui. Já numa comunidade pequena a pessoa fica mais exposta aos olhos dos outros tendo assim uma maior pressão para cumpri com as normas. Uma sociedade pequena e homogênea possui maior união do que uma grande e heterogênea, por isso, os indivíduos que desviam das normas tem maior probabilidade de serem repelidos. Então se pode dizer que o controle social é mais eficaz numa sociedade pequena e homogênea do que numa sociedade grande e heterogênea.

- A família, a vizinhança e a Igreja são órgãos de controle social com menos poder do que no passado, ao passo que as empresas e o Estado tendem a adquirir mais força. Com a transferência da produção econômica da família para as empresas, com o crescimento das comunidades, com o fortalecimento do Estado e a tendência para a secularização das sociedades, modificou-se o panorama da distribuição das funções do controle social entre as instituições, fortalecendo-se a empresa e o Estado em detrimento da família, do grupo local e da Igreja que apareciam em todas as etapas da atividade social e exerciam a maior parte do controle social.

- Os membros do grupo considerados mais importantes ( valiosos ) têm mais liberdade. Há maior probabilidade de um membro importante ou apreciado do grupo se desviar das normas, sendo seu comportamento aceito ou tolerado, do que um membro com menos importância.

- Exige-se maior conformidade de alguns grupos do que de outros. Existem certas categorias profissionais como sacerdotes, médicos, professores etc. das quais se espera uma maior conformidade do que de outras categorias ou grupos.

- A tolerância é afetada pela importância da questão. Em toda sociedade existem determinadas normas nas quais não é tolerado o menor desvio, sendo que nem sequer é possível colocar em discussão a validade e importância desta norma. Em outras questões ( desde que não contidas nos mores ) o grupo é mais tolerante com comportamentos desviados.

- Os mores podem fazer com que qualquer atitude seja considerada certa. Em nossa sociedade aceitam-se como legitimados pelos mores a pena de morte e o dever de matar soldados inimigos em guerra, apesar de se condenarem, em geral, os assassinatos.

- Em nossa cultura, os pecados de omissão geralmente são considerados menos repreensíveis do que os de ação. É menos grave você deixar de prestar socorro à alguma vítima de acidente do que você ser o causador de tal acidente.

Códigos e Sanções

Os códigos considerados modelo pela maioria dos autores são aquelas normas de conduta cujo poder de persuasão repousa, em parte, nas sanções, positivas ou negativas, de aprovação ou desaprovação, que as acompanham. Desta forma a conformidade aos modelos, em qualquer grupo ou coletividade, pode acarretar a concessão de recompensas, e o desvio ou não-submissão provoca a imposição de determinadas penas. Esses códigos variam de sociedade para sociedade e, dentro da sociedade, de grupo para grupo, de acordo com sua constituição ou finalidade.

Proposição de Maclver e Page

Maclver e Page ( 1972:145 ) apresentam no quadro abaixo um esquema referente aos diversos grupos ou tipos de relações sociais, que contêm os códigos em que se baseiam para orientar o comportamento de seus membros e as sanções específicas de que lançam mão.

1- GRUPOS (BASE SOCIAL) 2- CÓDIGOS 3- SANÇÕES ESPECÍFICAS

I - Associações constituídas em grande escala:

A- 1- O Estado, 2- a)Código penal,b)Código civil 3-Constrangimento físico através de:a) Multa, prisão, morte;b) Indenização de prejuízos ou restituição.

B- 1- A Igreja. 2- Código religioso, 3- Excomunhão, penitência, perda de prerrogativa, temor à cólera divina

C- 1- As Organizações Profissionais, 2- Códigos Profissionais, 3- Expulsão ( perda da condição de membro ), perda do direito de exercer a profissão ( com a ajuda do código legal ).

II – Associações constituídas em pequena escala:

A- 1- A Família, 2- Código Familiar, 3- Castigo dado pelos pais, exclusão da herança ( deserdação ), perda de preferência.

B- 1- O Clube, 2- Normas e Regulamentos, 3- Perda da condição de membro, de privilégios.

C- 1- O bando ( gang ) ou a quadrilha, 2- Código dos marginais, 3- Morte e outras formas de violência.

III – 1- A comunidade, 2- O costume, a moda, as convenções, a etiqueta, 3- Ostracismo social, perda da reputação, o ridículo.

IV – 1- As relações sociais em geral, 2- O código moral (individualizado ), 3- O sentimento de culpabilidade ou degradação.

No quadro estão especificadas as penas por meio das quais o grupo reage contra elemento que atuam contra as normas estabelecidas pelos diferentes códigos. São eles que regem as relações de comportamento dos membros dos grupos. Esses autores não fazem menção as sanções positivas empregadas para encorajar e premiar o comportamento aprovado, entretanto, estas possuem também importante função: reforçam a socialização, a interiorização das normas e valores sociais, através do sentimento de prazer propiciado aos que atuam de maneira socialmente aprovada. O psicólogo B. F. Skinner as chamou de “reforço positivo” para a ação.

A sociedade tem diferentes meios de demonstrar sua satisfação em relação a determinadas ações de seus membros ou grupos: o elogio público ou particular, o prestígio conferido, as recompensas simbólicas etc. A aprovação também pode aparecer de maneira espontânea através do apoio, do encorajamento, do aplauso.

O conjunto de sanções, positivas e negativas, existentes numa comunidade constitui uma força poderosa de regulamentação da atuação efetivadas pelo desejo de se obter aprovação e/ou evitar a reprovação de seus semelhantes. Esse conjunto leva o indivíduo a analisar, por antecipação ou retrospecção, o seu próprio comportamento de acordo com os padrões grupais.


Trabalho enviado pelos alunos MAYRA, JÉSSICA, MAURÍCIO, LIVIA BARBOSA, ANTHONY FARADAY SOTERO, integrantes do grupo Terra(Controle Social).

1 comentários:

Laís Santos 3 de junho de 2012 às 17:27  

Excelente artigo!